Durante o último período ditatorial no Brasil (1964-1985), o Ministério da Aeronáutica, por intermédio do CISA/RJ (Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica no Rio de Janeiro), emitiu o Informe n. 0204, de 20 de outubro de 1976, demonstrando a sua “preocupação” com a propagação da cultura negra, com a luta por libertação e emancipação da população negra, especialmente, quando encabeçada por aqueles rotulados como “radicais”.
Numa demonstração nítida de racismo institucional, os responsáveis pela produção do informe indicaram como assunto a ser tratado o “racismo negro no Brasil”, sustentando haver nos encontros do movimento negro uma “propaganda racista e socialista”.
Trata-se de uma prova documental do quanto as instituições eram – e são – afetadas pelo racismo em sua dimensão estrutural: “As instituições são apenas a materialização de uma estrutura social ou de um modo de socialização que tem o racismo como um de seus componentes orgânicos. Dito de modo mais direto: as instituições são racistas porque a sociedade é racista” (ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen, 2019).